A internet pode ser fundamental na preparação para qualquer prova de concursos públicos, no entanto, ela também pode ser sua inimiga caso seja utilizada de forma inadequada.
Mas, como seria essa “forma inadequada”?
Hoje em dia, uma das maiores modas espalhadas em plataformas digitais como Instagram, X, Facebook e até no YouTube (que, apesar de não se enquadrar em uma rede social, ainda assim se encaixa em tal moda), é mostrar uma vida perfeita e sem dificuldades, na qual é normal as pessoas acordarem às três horas da madrugada para estudar, fazer exercícios extensos e momentos devocionais antes mesmo das oito horas da manhã, para a partir disso irem trabalhar e mostrar que é possível fazer milhares de coisas num único dia, inclusive estudar para um grande e concorrido concurso público, afinal “todos temos as mesmas 24 horas”.
Sabemos que isso não é verdade. Tanto a afirmação quanto a rotina idealizada espalhada pelos quatro cantos do mundo são ilusões que, se pensadas por muito tempo por quem não se encaixa nelas, pode gerar um sentimento horrível de comparação o qual pode influenciar de forma muito negativa a sua preparação nos estudos.
O nome que se dá a isso é “positividade tóxica”, um conceito que romantiza situações negativas em prol de uma falsa felicidade nenhum pouco saudável para a vida de um concurseiro, que precisa trabalhar em empregos difíceis, estudar suas graduações e ainda arranjar um tempo mínimo em seu dia para dar seguimento ao seu maior sonho: o de mudar de vida através de algo capaz de te dar a estabilidade de vida ideal para qualquer ser humano.
Às vezes não percebemos quando situações assim acontecem, por isso o DODF trouxe um super artigo que te mostrará os malefícios que a comparação pode trazer, tanto para você como pessoa quanto para seus estudos.
Vamos começar?
1 – Afinal, o que é comparação?
Apesar de parecer uma pergunta “besta” para muitos, ainda assim é preciso falar sobre a fim de evitar interpretações erradas.
Comparação nada mais é do que ação de colocar um ângulo de sua vida no mesmo patamar de outras pessoas que não possuem a mesma realidade que você. Logo, é até injusto colocar nossa vida na mesma métrica de quem tem certos privilégios que as ajudam a alcançar mais facilmente coisas que podem demorar a acontecer conosco.
Se comparar, segundo o psicólogo Valcrezio Revorêdo, é algo intrínseco do que é ser humano, logo você pode ter a maior autoconfiança do mundo, ainda assim você irá se comparar com algo ou alguém porque faz parte de quem somos enquanto pessoas.
Numa era inteiramente tecnológica, na qual mostrar a vida perfeita gera milhares de curtidas e compartilhamentos, fica difícil não comparar a própria realidade com a de quem nem conhecemos para concluir “eu nunca vou alcançar o que essa pessoa tem”. Além de ser um pensamento nocivo para o seu psicológico e a sua preparação, pegar números tão inúteis para os estudos como curtidas, comentários e compartilhamentos para medir o seu potencial é algo que só vai te afastar ainda mais da sua tão sonhada posse.
Percebendo agora o quanto a comparação nas redes sociais pode ser tóxica para nossa preparação, quais seriam os malefícios dela?
2 – Quais são os principais malefícios de comparar-se com o outro?
Dentre os vários malefícios que a comparação excessiva e tóxica causa em alguém, podemos citar:
- Falta de confiança em si: tomar decisões em prol da sua evolução nos estudos pode ser difícil quando você não confia na sua própria capacidade de fazer com que elas deem certo.
- Ignorar pequenas conquistas importantes para o processo: ao invés de comemorar que está acertando cinco questões a mais que da última vez, você as ignora e continua a se lamentar por não acertar mais vinte, comparando seu aprendizado com pessoas na internet que dizem ter conquistado essas coisas.
- Insatisfação com tudo ao seu redor: nada do que você faz parece ser suficiente para as expectativas nutridas a partir do que é mostrado na internet.
Ao invés de se cobrar para ser alguém perfeito e sem erros, tente lembrar que você não vê às 24 horas daquelas pessoas da internet, apenas trechos picotados estrategicamente para mostrar ao grande público uma vida perfeita e, muitas vezes, inalcançável também. Deixe um pouco essas comparações tóxicas de lado e veja se o ato de se inspirar em alguém pode ser mais benéfico para sua preparação, uma vez que você irá utilizar como base aqueles momentos que você gostaria de viver e irá lutar para tê-los, apesar das dificuldades da vida adulta.
Entenda: a única pessoa com a qual você pode se comparar é com o seu Eu do passado, aquela sua versão que evoluiu maravilhosamente bem e agora está aproveitando as suas evoluções atuais. Esqueça o que a internet escolhe mostrar e foque apenas em você, porque sua aprovação pode ser muito mais real do que a vida mostrada através do Instagram.
3 – Vida no Instagram x Realidade
Nem tudo mostrado no Instagram, de fato, é real.
A moda tóxica de mostrar vidas perfeitas por meio de fotos e vídeos não pode (e nem deve!) te fazer desistir do que deseja.
Na maior parte das vezes, somos acometidos pela síndrome do impostor em situações como essas, uma vez que deixamos de acreditar no nosso potencial para nos rebaixarmos com base no que as pessoas escolhem mostrar na internet, e não no que de fato ocorre na realidade.
Vidas perfeitas, idealizadas a fim de enganar elas mesmas de que “não existe empecilho que impeça que alguém seja igual a mim”, isso é o que constitui 99% das postagens e perfis encontrados no Instagram e em outras redes, os verdadeiros responsáveis por fazer com que você deixe de acreditar que é possível, sim, alcançar uma vida melhor através da forma como você estuda dentro da sua realidade.
De acordo com o psicólogo Valcrezio Revorêdo, o excesso de comparação pode chegar ao ponto de desumanizar alguém, “pois reduzimos nossa existência a um conjunto de métricas mensuráveis”. Ainda, o profissional diz que, quanto mais uma pessoa se baseia na comparação feita com outras realidades, ocorre uma maior busca vazia pela validação externa, a qual pode nos privar de ver nosso potencial naquilo que mais queremos alcançar.
Um dos seus primeiros passos para não prejudicar seus estudos por conta da comparação tóxica, deve ser evitar ao máximo o que as pessoas, as mesmas que mostram uma vida irreal, postam com a desculpa de “motivar alguém” por meio do Instagram.
Ninguém mostra a vida como ela realmente é nas redes sociais, então não existem motivos para se colocar para baixo porque alguém consegue tirar um tempo para fazer algo que você não consegue por conta da rotina que leva.
O Instagram não é a vida real. Nunca será.
4 – Se comparar com as pessoas na internet é realmente um caminho saudável?
Muito se é falado na busca de motivação para fazer algo inspirado na vida que as pessoas mostram ter na internet. No mundo dos estudos, diversos usuários trabalham em produzir esse tipo em específico de conteúdo, dando maiores detalhes sobre como é o seu processo de aprendizado, os materiais que mais usam e recomendam, a melhor forma de seguir uma rotina em prol de bons resultados…
De fato, ver essas pessoas lutando pelo mesmo que nós pode ser algo motivador em certos casos, porém nem tudo o que é mostrado na internet é verdade.
As redes sociais não são como o Big Brother presente no livro “1984” do escritor George Orwell, responsável por mostrar a vida de tudo e todos 24 horas por dia. O que é mostrado nelas são apenas fragmentos perfeitamente pensados para falar “eu tenho uma vida boa e sem grandes dificuldades, por isso sou feliz”, e colocar sua própria vida, a qual é constituída por altos e baixos na mesma régua do que as pessoas escolhem mostrar, pode ser um caminho que irá influenciar de forma bastante negativa a sua preparação.
Ninguém é perfeito ou consegue agradar a todos. Quando falamos sobre a preparação para um certame público, estamos falando de diversas realidades que divergem a depender de quem estamos falando: ao mesmo tempo que temos pessoas apoiadas financeira e psicologicamente pelos pais até a aprovação, também temos outras que trabalham até tarde e ainda têm um curso de graduação para conciliar com os estudos.
Colocar todos na mesma balança, sem considerar todos os fatores que te levam a não conseguir alcançar os mesmos resultados que as pessoas da internet, é equivalente a estagnar no lugar e pensar “não adianta eu me esforçar porque não sou igual fulano, que tem tudo e conseguiu o que quero em menos tempo do que eu”.
Podemos te contar um segredo?
O tempo é relativo. Se uma pessoa conseguiu passar no concurso estudando em época de pós-edital, não quer dizer que você seja péssimo por estar estudando há dois anos e ainda não conseguiu a sua aprovação. Nem todos nós temos as mesmas 24 horas ou as mesmas oportunidades para alcançarmos o que desejamos em tempo recorde.
Acompanhar pessoas na mesma situação que você, estudantes de concursos públicos com um sonho em comum, pode te dar a motivação que você precisa para não desistir. Mas quando a comparação começa a bater na porta e te faz encontrar a temida síndrome do impostor, significa que é hora de se afastar um pouco do mundo online e focar apenas no que interessa: a sua própria aprovação.
Nós do DODF te desejamos bons estudos e até a próxima!
