Concurso Delegado PC-GO 2016: SEGPLAN suspende certame após suspeita de fraude

A Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento do Estado de Goiás (SEGPLAN-GO) suspendeu o concurso para delegado substituto, em Goiás, organizado pelo Cespe/Cebraspe. A decisão ocorreu após a prisão de cinco suspeitos de fraudar as provas do certame, ocorrida na manhã da última segunda-feira (13/03), pela própria Polícia Civil de Goiás (PC-GO).

Segundo a corporação, o grupo cobrava de R$ 120 mil a R$ 365 mil por vaga. A organização também é suspeita de praticar irregularidades em processos seletivos de outros estados.

As prisões ocorreram no domingo, 12 de março, logo após a aplicação da segunda fase do concurso. Um dos detidos é um membro da quadrilha responsável por aliciar os inscritos. Os demais são candidatos que já tinham sido aprovados na primeira fase. Segundo a polícia, eles integram famílias ligadas ao Poder Judiciário e influentes em Goiânia.

Ex-vereador de Palmeiras de Goiás, Magno Marra Mendes está entre os presos. Ele tirou 95,00 pontos na primeira fase do concurso.

Outro detido após a prova é o bacharel em direito Armando Colodeto Júnior. A nota dele na primeira fase foi 90,50 pontos. Advogado do candidato, Raphael Barros Martins, disse que, por enquanto, não vai se pronunciar. De acordo com a polícia, um dos presos informou que vendeu um carro e negociava uma casa para pagar a organização criminosa.

O Delegado da Dercap, Rômulo Figueiredo, disse que a quadrilha orientava os candidatos a entregarem o cartão de respostas em branco e, na segunda fase, responder somente aquilo que sabia. “Alguns deles passaram carros e imóveis para esses agenciadores, que sempre se utilizavam de terceiros, para não deixar qualquer rastro, seja de movimentação financeira ou mesmo de propriedade de bens. Um agenciador atuou em Goiás e outro no Distrito Federal e no Entorno de Brasília”, esclarece Figueiredo.

De acordo com Rômulo Figueiredo, uma mulher chegou a pagar a quantia pela aprovação na primeira fase. “Essa candidata, que já foi identificada e presa, após a primeira fase, já tinha passado uma enorme quantia em dinheiro e não tinha mais para passar e obter informação privilegiada na segunda fase. Nesse momento, ela passou a ser extorquida pelo agenciador.Eles disseram: ou você me passa mais bens ou não vou providenciar sua aprovação na segunda fase. Em ato de desespero, ela chegou a transferir o imóvel de sua mãe ao agenciador”, narra o delegado.

Os presos foram indiciados pelos crimes de falsidade ideológica e material, fraude em concurso público e organização criminosa. A Polícia Civil tem até dez dias para concluir o inquérito e encaminhar ao Poder Judiciário, que irá decidir se mantém, ou não, os suspeitos presos.

IRREGULARIDADES NA 1ª FASE

Na última quinta-feira, 10 de março, promotora de Justiça Leila Maria de Oliveira informou que investiga denúncias de irregularidades nas notas dos candidatos que realizaram a primeira fase do concurso.

De acordo com Leila Maria, candidatos procuraram o Ministério Público de Goiás (MP-GO) para questionar a alta quantidade de notas superiores a 90 pontos. Para eles, este resultado causa estranheza pelo fato de se tratar de uma prova de grande dificuldade, em que cada questão errada provocava a perda de 0,25 pontos em relação à nota final.

Adaptado com modificações e correções. Fonte: segplan.go.gov.br / g1.globo.com / concursos.correioweb.com.br